segunda-feira, 26 de junho de 2017

Camadas




Quando você vai trabalhar com impressão e print and cut, o uso de camadas é uma coisa menos importante. Afinal, você só imprime o que está na tela e pronto.

Quando você vai trabalhar com vinil, a coisa é diferente. Não dá pra só sair colocando uma cor em cima da outra sem pensar. Se você faz isso, a sua arte fica muito grossa e, quanto mais vinil em cima um do outro, maior sua chance de uma camada se soltar e ficar todo estragado.

Então você precisa dominar o uso das camadas (em inglês, layers).

O que significa, basicamente, separar uma imagem pelas cores.

No post de hoje vamos fazer isso com uma imagem simples. As cores estão bem separadas. Vamos começar com essa imagem do homem aranha


Bem bonitinho, né? Imagina num copo pro filhote? É exatamente isso que eu vou fazer.

Essa imagem tem 4 cores: preto, vermelho, azul e branco. Nesse caso, eu vou usar o preto como uma base e colocar as demais cores por cima.

Então, o primeiro passo é rastrear a imagem. Em primeiro lugar, vamos abrir ela no Studio. Repare como ela é pequenininha.


Se eu aumentar a imagem antes de rastrear, vou ficar com uma imagem toda pixelada. Esse desenho é todo redondinho, eu não quero uma imagem pixelada, cheia de pontas. Então, eu vou rastrear antes de aumentar o tamanho. Isso porque uma vez que eu rastreie a imagem, ela se torna um vetor. A principal diferença de uma imagem para um vetor é que um vetor não perde qualidade, independente de tamanho, porque um vetor não é feito por pixeis.

Se você vai rastrear uma imagem muito pequena, uma opção é usar o zoom do studio pra trabalhar. Para essa imagem, eu primeiro tirei a opção do filtro alto (sempre tiro essa opção. Parece que no estudio V4 já vai vir sem ela). Depois é mexer no limiar e na escala, até ficar do jeito que você quer. Por fim, rastreie.


Com a imagem já rastreada, dá pra aumentar o tamanho sem perda de qualidade. Ficou assim.



Quando você rastreia uma imagem, ela fica toda como convertida em caminho Ou seja, se eu preencher a imagem, ela fica assim:


 Mas não é isso que eu quero. Porque eu quero a imagem colorida, e desse jeito só consigo uma cor. Então, vou ter que liberar o caminho composto.

Com o caminho composto liberado, eu tenho uma pilha de margens de corte. Veja que a imagem ainda está toda preta, porque eu tinha preenchido com essa cor mais cedo. Ainda assim, dá pra ver as linhas de corte, que são vermelhinhas.



 Agora, vamos pintar o que queremos de outra cor. Como eu disse no começo, eu quero deixar a base de preto, porque o desenho original tem esse traçado grosso em volta. Então, vai apertando cada quadradinho desses e preenchendo da cor que você quer.




Viu como já está bem parecido com a imagem original? Agora eu tenho tudo preparado para fazer as camadas que eu vou cortar.

Agora, antes de cortar, vamos falar sobre como montar as camadas. Depois de depilar, você vai ter quatro pedaços diferentes para colocar um em cima do outro. Dá pra fazer no olho? Claro. Mas não fica perfeito. Então, eu dou uma trapaceada criando marcas de registro.

Não são as mesmas marcas de registro que você usa pra fazer o print and cut. São marcas de referência para você saber onde colocar o vinil. Vamos lá. O primeiro passo é desenhar um retângulo (pode ser qualquer forma. Eu gosto de retângulos). Depois, preencha cada um com uma das cores que você usou no seu design. No meu, tenho preto, vermelho, azul e branco. Selecione os quatro retângulos, vá na janela de alinhar e escolha centralizar.


Ficou assim. Você só está vendo uma das cores, mas as quatro estão juntas.


Agora, coloque os quatro retângulos juntos em uma posição perto do seu desenho. Depois disso, vamos separar por cores. Se você tem a versão designer do Studio, é bem fácil. Vá na janela Editar - Selecionar por Cor - cor de preenchimento.

Agrupe cada cor junta

E pronto. Você tem quatro conjuntos de cores, cada uma com seu retângulozinho para facilitar o corte.


Agora, é hora de cortar. Como são tamanhos pequenos, coloquei meu vinil na base de corte usando só os restinhos que eu tinha. Mais ou menos estimei onde vai cada pedaço. E como a minha base está bem ruinzinha, usei fita crepe para segurar bem o vinil.

Olha a imagem do vinil na base de corte em relação ao meu arquivo no computador.


Agora é mandar cortar. Considerando que todos esses vinis são do mesmo tipo (Oracal 651. Amo!) é fácil fazer um corte só. Eu usei a lâmina CB-09, com angulação de 45º. Aproveitando pra mostrar como minha silhouette está LINDA com o Ryan Gosling me lembrando de prestar atenção!

Esse é o vinil cortado


Repare bem no vermelho. O vermelho era o mais detalhado, e alguns pedacinhos se perderam. Quer dizer que a minha configuração não estava excelente. Nessa hora não tem jeito. É cortar de novo. Devia ter ouvido o Ryan Gosling mandando em fazer um corte de teste!



Agora que todos os pedaços estão direitinhos, é hora de depilar. A depilação do vinil é uma coisa bem simples: você tira os pedaços que não vai usar. Nesses cortes foi bem fácil. Só comecei a puxar do cantinho e as partes que eu cortei ficaram no papel de base. Se você vai depilar alguma coisa mais detalhada, eu sugiro usar uma pinça de sobrancelha.


Tudo depilado? É hora de montar. É agora que os nossos retângulos vão ajudar. Primeiro, o básico. Para passar o vinil para a superfície final você precisa de uma fita de transferência. Eu recomendo MUITO usar uma fita transparente se você está trabalhando com camadas. Você precisa ver onde está colocando o que. Eu comecei com os detalhes em branco.

Agora que o branco está na fita de transferência, eu vou colocar o azul. Para isso, eu primeiro vou colocar o retângulo direitinho em cima do outro. Só quando eu tiver certeza que o retângulo branco está exatamente em cima do azul, eu coloco o resto da imagem.

Agora, tiro todo o azul do papel de base e vamos pro vermelho. A mesma coisa: só colocar uma imagem em cima da outra quando os retângulos estiverem perfeitos. Já dá pra ver legal como vai ficar o efeito final

Por fim, o passo final: colocar tudo na base preta. Viu como o alinhamento ficou perfeito? Foi por causa dos retângulos!


Tcharãm! Temos um homem aranha!


Agora é só colocar o homem aranha no copo e pronto!

Lembre de tirar a fita de transferência no final!


quarta-feira, 21 de junho de 2017

Tipos de vinil
HTV


Logo que eu comecei esse blog, prometi falar mais de tipos de vinil. Fiz uma postagem curtinha sobre vinil adesivo, mas faltou eu falar sobre HTV.

HTV, ou heat transfer vinyl, é o vinil termoadesivo. Ou seja, ele depende de calor para se fixar nas coisas. É o vinil que você usa para colocar, por exemplo, em roupas.

Existem várias marcas diferentes no mercado, e cada marca tem as suas variedades. Eu tenho as minhas preferidas, mas recomendo que você experimente várias para ver quais são suas favoritas.

Siser Easyweed


O primeiro tipo de HTV que eu vou falar é o mais básico: Siser Easyweed. Easyweed significa fácil de depilar. Vou ser sincera: não é especialmente fácil de depilar. Mas pode ser usado numa variedade enorme de materiais e tem uma variedade grande de cores. São 47 cores, sendo 7 fluorecentes e 3 com acabamentos especiais (brilha no escuro, dourado e prateado).



Esse é um exemplo de camisa feita com o siser que brilha no escuro. Ele absorve a luz do sol e depois brilha assim por alguns minutos.


Siser Easyweed Stretch



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É a mesma marca, com uma vantagem: esse vinil é mais elástico. Pode ser colocado em roupas que esticam, como camisetas caneladas, roupas de lycra, etc.

Isso porque o vinil tradicional não tem elasticidade, e se a roupa ficar esticando, ele acaba rasgando com o tempo. O Easyweed Stretch tem menos cores que o Easyweed normal (só 20 atualmente), mas a Siser tem prometido que vai lançar cores novas.

O Stretch é, inclusive, super fininho. Nem parece que tem vinil na roupa. E tende a ter acabamento mais matte que o Easyweed normal, que é mais brilhante.


Vinil com gliter

Meu preferido! Tudo fica melhor com gliter. É consideravelmente mais difícil de depilar que o HTV normal, mas o resultado suuuuuper compensa. Tem de várias marcas. Gosto muito do da Siser, mas quando estamos falando de gliter, poucas marcas batem o Glitter Eye Candy

Olha um exemplo de HTV gliter aplicado em uma camisa


Tudo fica mais bonito brilhando!


Vinil holográfico

Esse é relativamente novo. E tem muita coisa que dá pra fazer. O vinil holográfico lembra muito o efeito de foil nas roupas, mas com a durabilidade do vinil. É o mais chato de todos de depilar mas, novamente, o efeito super compensa

Esse é um que não dá pra querer fazer sem uma prensa de calor. Vou falar mais do motivo lá pra baixo, segue lendo.
No automatic alt text available.


Vinil flocked


O vinil flocked, ou flocado, parece um veludo. O que significa que ele cobre bem o tecido em baixo, é agradável ao toque e é totalmente fosco.

Eu uso muito o flocked em roupas para o meu filho. Ele não gosta tanto de glitter, e principalmente quando eu vou fazer apliques de tecido com vinil, ou você tem que usar vinil em gliter ou vinil flocado.




Tá bom. É tudo lindo. Mas como eu uso?


O HTV, como eu disse lá no começo, depende de duas coisas para ser aplicado: calor e pressão. A fonte de calor é relativamente fácil: um ferro de passar roupas doméstico já resolve. A parte da pressão é mais complicada.

Mas primeiro vamos falar do corte.

A enorme maioria dos vinis HTV precisam ser cortados espelhados na Silhouette. Lembra quando vamos depilar o vinil normal? A gente retira os pedaços de adesivo que não queremos usar, e depois usamos uma fita de transferência para aplicar o vinil na superfície desejada.

O HTV, na maioria das vezes, já vem com a fita de transferência. É a parte brilhante dele. Por isso a gente corta por trás. O objetivo é cortar o htv e deixar a fita de transferência intacta.

Assim:
















Repare nesta figura. Dá pra ver a fita de transferência por baixo do vinil em si?
















E aqui? Percebeu como eu vou tirando os pedaços de vinil que não vou usar, e deixando o que eu quero na fita de transferência?
















Depois de depilado, você coloca o vinil em cima do tecido. Agora sim vai ficar na direção certa. A fita de transferência é meio grudenta, e isso ajuda demais na hora de manter no lugar.










Colocado o vinil no lugar, vem a hora de aplicar o combo Calor e Pressão.

Como eu disse, o calor pode ser de um ferro de passar roupas doméstico. Cada vinil tem uma temperatura ideal de aplicação, e é importante ler as informações do fabricante sobre isso. Se o seu ferro não tem indicador de temperatura (e eu não conheço nenhum que tenha), coloque na temperatura mais alta. Normalmente é a seleção para secar algodão.

Quanto a pressão, esse é o ponto mais difícil. Ela precisa ser forte e uniforme. Você não está passando uma roupa, está aplicando um vinil. Estou falando em praticamente ficar em cima do ferro de passar mesmo. Ou, para facilitar sua vida, usar uma prensa de calor. A prensa tem a vantagem de colocar a pressão alta e uniforme na aplicação. O resultado fica muito melhor e, se for pra vender, mais confiável.

No automatic alt text available.O risco de pouca pressão é esse aqui: o vinil começa a descolar depois de lavar. Você sempre pode aplicar calor e pressão de novo com o ferro de passar, mas com o tempo vai colar menos e menos. E ninguém quer comprar uma roupa que vai se soltar depois de umas poucas lavagens, certo?


No automatic alt text available.Para você saber se a pressão está boa, só tem um jeito: você precisa ver as fibras da roupa pelo vinil. Quando isso acontece é porque o vinil e a roupa se fundiram e, agora, elas não soltam mais.


Verificar a pressão desse jeito é bem mais complicado com vinil em glitter, holográfico ou flocked. Aliás, o vinil holográfico não pode ser aplicado com ferro de passar. Simplesmente não dá pra fazer a pressão necessária (estou falando em ficar de pé em cima do ferro e ainda assim não dar certo).

Se o vinil for aplicado direito, pode jogar na máquina de lavar e secar roupa que ele não solta. A roupa se desmancha antes de o vinil se soltar, justamente porque ele está fundido no tecido.

Então HTV é pra tecido, e vinil adesivo é pro resto?

Sim e não. Em teoria, o HTV é só pra tecido. Mas as pessoas espertas da internet já descobriram outros usos.

HTV gruda muito bem em acrílico. Se você for fazer pulseiras de acrílico, por exemplo, pode usar o HTV sem medo de ser feliz. Eu fiz isso para as minhas pulseiras que usei no swap do ATSC. A grande vantagem? O HTV se funde com o acrílico. Não vai soltar mais.

Image result for htv on mugsTambém dá pra usar HTV em canecas e copos de cerâmica. A idéia é a mesma que as pulseiras. Quando se usa o HTV você cria uma reação física que faz com que os materiais se fundam. Com isso, o vinil não solta mais da cerâmica. Se você usar o vinil adesivo normal, corre o risco de soltura. Como HTV, pode jogar na máquina de lavar louça que não sai. E você consegue usar o glitter lindo do HTV em outras superfícies.





Tem mais alguma coisa importante?

Sim. Camadas. Não é todo HTV que permite que você coloque camadas. Se você colocar alguma coisa com glitter HTV não pode colocar nenhum outro vinil por cima. Já o easyweed e o flocked podem ser colocados em camadas. A primeira foto desse post é de uma camisa pro meu filho. O gato da camisa foi todo feito em HTV flocked e foi todo feito em camadas. Essa bolsa aqui foi feita com easyweed e também é toda em camadas, exceto o nome, em glitter.



quinta-feira, 15 de junho de 2017



O Swap


Como eu adiantei no meu post anterior, no sábado foi o dia do swap. O swap é uma das tradições mais bacanas do ATSC. Não é um evento de participação obrigatória, participa quem quer.

Basicamente, a idéia é a seguinte: você faz várias lembrancinhas usando a Silhouette. Leva elas pro evento. A quantidade de lembrancinhas que você levar é a quantidade que você vai poder pegar.

No swap tinha gente dos mais diversos níveis de experiência na Silhouette. Vi gente que usou a Curio e fez coisas com acrílico, gente que usou P&C, gente que usou o programa da Silhouette pra fazer designs que seriam impressos em impressora sublimática. Muita, muita coisa diferente.

E esse é o legal: você pegar novas idéias. Tanto que parte da atividade é escrever uma "receita" do que você fez e como (técnicas, fontes, etc) para os outros poderem copiar mais pra frente.

Foram mais de 100 participantes! Vou colocar aqui algumas das fotos que eu tirei. A primeira é a das minhas lembrancinhas. Eu fiz 35 porta-copos de madeira (que eu já ensinei a fazer aqui no blog mesmo) e 35 pulseiras acrílicas com design em vinil termoativado. Isso significa que eu podia levar pra casa 70 coisas.

Acabei não pegando isso tudo por alguns motivos, mas o mais importante é que eu só tinha uma mala de mão pequena, e ainda tinha todas as coisas que comprei no evento pra fazer caber! Fica a lição: numa próxima, levar uma mala MUITO grande!

Essas foram as coisas que eu peguei:

E aqui, mais algumas coisas que eu vi por lá





































Muita coisa legal, né? Durante a conferência ainda houve uma votação entre todos os participantes, para eleger o item mais bacana, que usasse os materiais de forma mais criativa. Infelizmente, eu não ganhei - e o prêmio era uma Silhouette Curio!

Quem ganhou foi a garrafa de vinho jateada com luzes de natal por dentro. Muito, muito criativa, e causou um efeito lindo demais. Aliás, é bem o tipo de coisa que eu nunca tinha pensado em fazer, mas que agora com certeza vou. Todas as garrafas da casa passarão a ser guardadas!

Tem algum item que você achou mais legal? Quer que eu descreva melhor? Comente aí!